Cada um tem, ao longo de sua vida,
Um pedacinho de felicidade,
Ele vem em fase indefinida,
Dá seu recado e volta pra saudade.
O resto é só mais um sobreviver,
Um calejar que vai até o fim,
Essa lembrança feliz para o ser,
É o orvalho que cai no jardim.
É a certeza que existe o paraíso,
Que o perdemos, mas que vale encontrá-lo,
Mesmo que seja em um breve sorriso,
E por Deus, neste momento, louvá-lo.
Viver é desbravar mata cerrada,
Tropeços, espinhos e desencontros,
Pilotar águas turvas, luta armada,
É cruz que cada um carrega nos ombros.
Olhando ao redor, vê-se a oscilação,
Uns têm sua glória mais no início,
Outros, só pro fim, louvam seu quinhão,
Caminham mirando o precipício.
Quando estiver longe o seu calvário,
Viva o seu pedacinho em plenitude,
São contas de ave-marias do rosário,
É fresta do céu, nessa negritude.
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