segunda-feira, 13 de setembro de 2010

MÉTODOS ATIVOS PARA A APRENDIZAGEM

Os métodos ativos que privilegiam a grande participação dos alunos, que mantêm uma interação fecunda professor/aluno, substituem os métodos didáticos tradicionais.
A linha pedagógica tradicional apoiava-se na transmissão do conhecimento. O professor era a figura central do processo de aprendizagem. Era ele quem transmitia as informações para o aluno, que memorizava o conteúdo com exercícios repetidos e reproduzia o que aprendeu na avaliação. A disciplina era rígida e os alunos deveriam seguir as regras de comportamento estabelecidas pela escola. Hoje, esse método encontra-se em desacordo com o momento atual. A escola não se sustenta mais como transmissora, ela deve ser construtora do saber. A disciplina não é mais imposta, mas discutida e estabelecida juntamente com os alunos.
Os métodos ativos são uma necessidade da nossa época. Não são novos na literatura pedagógica. Ao longo dos tempos eles vêm sendo citados, mas pouco usados. Não havia uma conscientização geral de sua aplicabilidade. Hoje, porém, são irreversíveis, indispensáveis. Eles começaram a se despontar com mais vigor no final do século XVIII.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) é o pioneiro da educação moderna. Filósofo francês, defendeu a necessidade de atender os interesses próprios das crianças; que os adultos não impusessem a elas seus pensamentos. A criança nasce boa, a sociedade corrompe-a, por isso a escola deve aprimorar-se em sua educação moral, apregoava.
No final do século XVIII e século XIX, com Pestalozzi e Froebel, vemos a psicologia nascente. Johan Pestalozzi (1740-1827), pai da edu-
cação integral, dizia: “O amor é o instrumento da educação”. Propunha o método da observação, que o currículo partisse do próximo para o distante.
Friedrich Froebel (1782-1852) utilizava na Prússia, onde nasceu, o método indutivo em atividades construtivistas.
Johann Friedrich Herbart (1776-1841), psicólogo e teórico da educação, nascido na Alemanha, propunha partir daquilo já conhecido pelo aluno, associar o novo ao já conhecido, usar a experiência anterior do aluno, como base para a atividade didática, cultivar o desenvolvimento moral através da instrução. (Pontos abordados pelos Parâmetros Curriculares Nacionais).
Ovide Deeroly (1871-1932), educador belga, pôs ênfase no aprendizado pela prática. Valorizava o material construído pelas crianças.
Rudolf Steiner (1861-1925), educador alemão, deu origem ao método Waldorf, também chamado antroposófico. O método trabalha conjuntamente sobre três eixos de desenvolvimento da criança: físico, social e individual. As turmas se dividem por faixa etária e não por série. Não há repetências e a relação da escola com a família é grande. Cada professor é um tutor que guia a mesma turma por um período de sete anos. O nome Waldorf provém do fato de os primeiros alunos de Steiner serem funcionários da fábrica Waldorf Astoria, na Alemanha.
Maria Montemori (1870-1952), médica italiana, desenvolveu técnicas para ensinar crianças excepcionais. Parte do pressuposto de que a criança é dotada de infinitas potencialidades e é capaz de autoconhecimento. Seu método foi chamado de “Escola do Silêncio”, por estimular a concentração, a introspecção. Acentua a integração social. As atividades são propostas levando-se em consideração as potencialidades da criança.
 Na relação professor/aluno as atividades são sugeridas e orientadas, deixando que a própria criança se corrija.
Celestin Freinet  (1896-1966),  apregoava a aproximação do ensino à prática, como Decroly. Os alunos praticam enquanto aprendem. Enfatizava o ensino prático. Criou o sistema de correspondência dos alunos por meio de “jornais”, que escrevem enquanto se alfabetizam. Freinet dizia que o aluno não vai à escola para tirar uma nota e, sim, para crescer, desenvolver-se.
Jerome Bruner, americano, contemporâneio de Piaget, com seu “currículo em espiral”, dizia que se o professor respeitar os modos de pensar das crianças, suas formas lógicas de pensamento, será possível introduzi-las, precocemente, às idéias e estilos mais avançados. O currículo vai e volta, recupera, leva para frente, sempre ampliando. Deu ênfase ao método da descoberta, quando o professor deve criar condições para o aluno descobrir, raciocinar. O seu conceito de prontidão leva em conta o estágio de desenvolvimento da criança.
Jean Piaget (1896-1980) não foi educador, mas biólogo. Procurou decifrar as fases do desenvolvimento mental da criança. Desenvolveu o método do construtivismo. Estudou como a criança apreende o mundo espontaneamente, organizando os dados do exterior, a partir dos quais vai construindo seu conhecimento. A criança é um ser que interage com a realidade e assim forma suas estruturas mentais. Noções como proporção, quantidade, causalidade, volume e outras, surgem com a própria interação da criança e o meio em que vive.
Emília Ferreiro, uma aluna de Piaget, ampliou a teoria para o campo da leitura e da escrita e concluiu que a criança pode se alfabetizar sozinha, desde que esteja em ambiente que estimule o contato com letras e texto.                                                                                                       
Contemporâneo a Piaget, o russo Lev Vigotsky desenvolveu uma psicologia construtivista, levando em conta as atividades interpessoais da criança e a história social.
Esses  últimos três autores citados serão abordados,  especificamente, mais adiante, ainda nesse capítulo de Educação Infantil.
Podemos perceber que a escola moderna está, basicamente, fundamentada nos métodos desses precursores, considerados mentores da educação moderna. São observações que foram se aprimorando ao longo dos anos, atingindo um grau evoluído de aplicação.
Aos métodos ativos, acrescentaria o pensamento do educador paulista Antonio Severino, que diz:  “O professor deve  ser fundamentalmente particular e fundamentalmente universal. Pensar globalmente, agir localmente”.

(Capítulo do Livro Prática Pedagógica, escrito por Izabel Sadalla Grispino)


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