sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

O PAPEL DA FANTASIA NA CRIANÇA

A fantasia é indispensável para o bom desenvolvimento da criança. É fundamental, dizem os psicólogos, que os pais e os professores não atrapalhem a fantasia, expressa das mais diferentes maneiras. Quando o mundo imaginário é tolhido durante a infância, é comum a pessoa apresentar na fase adulta dificuldades para encarar a realidade. Muitos jovens ficam presos ao mundo fantasioso.
      É preciso, contudo, ficar atento à idade da criança. As que com 7 ou
8 anos ainda acreditam cegamente em histórias do mundo imaginário, possivelmente estão fugindo de alguns aspectos do mundo real.
      Famílias de formação católica cultivam hábitos como ganhar ovos de chocolate na Páscoa, vestir-se de Papai-Noel no Natal, outros, como trocar dentes-de-leite por moedas... Mais do que manter uma tradição ou proporcionar uma diversão, esses procedimentos atuam no desenvolvimento emocional da criança e podem refletir mais tarde na maneira como esse adulto vai lidar com a fantasia ou com a realidade. Por isso, não se deve encarar esses rituais como brincadeiras. É a partir da fantasia que a criança vai criar mecanismos para encarar a realidade. Por essa razão, os adultos devem responder às perguntas feitas por elas com cautela.
      No início, a criança acata a descrição feita do Papai-Noel ou do coelho sem nenhuma curiosidade. Com o tempo, algumas perguntas aparecem. O lado racional começa a aflorar. O próprio desenvolvimento da criança é que vai determinar quando isso ocorre. A criança acaba, por si, descobrindo que esses relatos não são verídicos, não há necessidade de os pais tentarem esclarecer. Os pais não devem forçar a criança a se tornar realista antes de seu momento.
      As tradições mudam com os modismos. As histórias também são atingidas pelos modismos. Coelhos, Papai-Noel e fadas, hoje, disputam com gnomos e duendes. Há, ainda, personagens que caíram no total esquecimento, como as cegonhas. Os pais já não dizem às crianças que encomendaram o bebê a essa ave. Outra fantasia muito comum são as varinhas de condão. Com elas, as crianças viajam e transformam as coisas.
     Há pais que conduzem as atividades fantasiosas com mais realismo, ficando num meio termo, procuram dar uma educação mais realista. Temem não ter dinheiro para satisfazer as fantasias e dizem às crianças que quem compra os presentes de Natal ou o chocolate de Páscoa são elas. Há, contudo, relatos de pesquisas que mostram que crianças de 4 anos e mesmo de 6 não querem aceitar essa verdade e afirmam aos pais que quem compra os presentes é  Papai-Noel e é o coelho que lhes traz o ovo de Páscoa. “Ele é branco e bem pequeno”, imagina a criança. A fantasia muitas vezes acaba sendo mais forte, dizem os psicoterapeutas.
      Outros pais, entretanto, incentivam a fantasia, como, por exemplo, esconder os ovos de Páscoa, para a criança achar, colocar meias na janela e enviar desenhos, cartinhas para o Papai-Noel, na época do Natal.
     Aprender a se conduzir na educação dos filhos é procedimento extremamente salutar. Os benefícios virão para ambos os lados. Recebi, de uma prezada educadora, normas de conduta dos pais, que bateram com a minha formação e que considerei de real proveito registrá-las, a fim de atingir uma comunidade maior. O título vinha com a expressão “Missão do lar” e não trazia o nome do autor.

MISSÃO DO LAR

      Antes de enumerar as considerações, acho oportuno lembrar os pais que eles dêem buscar, na escola,  esclarecimentos sobre o processo de desenvolvimento da criança, do adolescente, e pôr em prática o que aprenderam.
Despertar na consciência dos filhos a existência de Deus, a nossa filiação divina e a imortalidade da alma;
Ensinar a prática da verdade;
Formar na criança o hábito do trabalho, quanto mais cedo melhor, de acordo com a sua capacidade;
Despertar e ensinar às crianças a prática da caridade;
O hábito da prece todos os dias, agradecendo a bênção da vida:
Estar atendo às atividades escolares e doutrinárias dos filhos;
Ensinar aos filhos a prática do perdão, não deixando permanecer entre eles qualquer animosidade;
Disciplinar com amor, aplicando a “energia amorosa”.;
Ensinar a respeitar e a amar a natureza;
A respeitar todos os familiares e todas as pessoas em geral;
Prometer à criança somente o que se possa cumprir, mas com discernimento;
Observar e tomar conhecimento das companhias e dos divertimentos dos filhos;
Visitar os familiares, sustentando a amizade e a união da família, dando atenção aos idosos;
Examinar as queixas dos filhos, ponderando as decisões pela razão, com o critério da verdade;
15)       Tomar conhecimento das reclamações sobre os filhos, não defendendo precipitadamente,  antes  de averiguar  com certeza a verdade do fato;
16) Preocupar-se com os filhos rebeldes, difíceis ou excepcionais. Não fazer  comparações negativas com os irmãos ou companheiros. Em todos os momentos, utilizar o recurso da prece;
17) Oferecer  aos  filhos  somente  brinquedos  educativos que lembrem a prática do bem e do trabalho. Elimine os brinquedos de guerra para o ensino da paz;
18) Os pais devem educar-se para educar, exemplificar para ensinar.              
       Finalizo, lembrando Rui Barbosa, ao dizer: “Educa-se bem mais pelas ações que pelas palavras”.


(Capítulo do Livro Prática Pedagógica, escrito por Izabel Sadalla Grispino)


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