terça-feira, 31 de agosto de 2010

A CORRUPÇÃO EMPOBRECE O PAÍS


Até quando viveremos sob o impacto da corrupção? Até quando este nosso Brasil ficará emperrado, sem conseguir alçar vôos? O Brasil é um País empobrecido pela corrupção. Uma terra privilegiada como a nossa, com seus invejáveis recursos naturais, está sempre pendente, sempre pendurada, arcada em dívidas, ajoelhada ao FMI. O que se constata no País é uma corrupção impregnada nos hábitos da sociedade. Constata-se a existência de grupos que passam de um governo a outro e se firmam pela impunidade. A cultura da corrupção é histórica entre nós e só um trabalho prolongado de conscientização, de estímulo à ética, aos valores morais, e desde a fase da educação infantil, poderá trazer a esperança de enfraquecê-la.
O nosso ensino não consegue avançar. Países do primeiro mundo mostram um nível educacional invejável, um avançado amadurecimento do povo sobre a importância da educação, visto como pilar do desenvolvimento humano. Uma inscrição esculpida em mármore na entrada da Biblioteca Pública de Boston, nos Estados Unidos, diz: “A comunidade exige educação como salvaguarda da ordem e da liberdade”.
O povo exigindo educação! Aqui no Brasil, precisamos ainda trabalhar muito, anos e anos, para que o povo chegue a esse entendimento, à importância da educação na vida da nação. Quando isso acontecer, o Brasil deixará de ser País de terceiro mundo, nível de País em desenvolvimento, para se tornar País de primeiro mundo, País desenvolvido. Educação está na base de toda transformação social.
Um grande escritor brasileiro, Monteiro Lobato, segundo minha memória, disse: “Um país se faz de livros e de homens”. Observemos a ordem das palavras na frase: primeiro, livros; depois, homens. Primeiro o conhecimento, a cultura, estruturando o homem, ilustrando-o para o exercício da função. Ainda nessa linha de pensamento, lembro o grande estadista norte americano Abraham Lincoln, que dizia: “Ninguém salva o povo, o povo salva a si mesmo através da educação” e a educação foi a grande prioridade de seu governo.
No nosso Brasil, a educação continua num marasmo. A pesquisa da Unesco, Ensino Médio: Múltiplas Vozes, realizada em 13 capitais, entrevistando 7 mil professores e mais de 50 mil alunos da rede pública e particular, revelou o alto grau de insatisfação dos estudantes com que aprendem nas escolas.
Nossas escolas têm condições de melhorar aquilo que ensina? Têm condições de oferecer aulas com qualidade, para aumentar o interesse dos alunos? Professores desmotivados, destreinados, pouco capacitados para o exercício do magistério, vão arrastando a situação do mau ensino. O despreparo docente chega ao nível absurdo de levar o MEC a mudar, ainda este ano, o sistema de classificação de livros didáticos. Desde 1985, início do programa governamental de distribuição de material didático, o Ministério fazia recomendações sobre a qualidade dos títulos a serem escolhidos pelos professores das escolas. O critério para classificar o livro didático ia de uma a três estrelas. No ano passado, o MEC passou a usar os conceitos “pouco recomendado”, “recomendado” e “muito recomendado”. Agora, não faz mais avaliações, apenas uma descrição de cada livro. E isso ocorreu devido ao fato de os professores, ultimamente, estarem optando por livros de uma estrela ou os pouco recomendados. Escolhem os piores entre os pré-avaliados pelo MEC.
O presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), José Henrique Paim Fernandes, considera a fraca escolha dos professores, a razão de estes livros conterem conteúdos mais fáceis; “Assim, os professores não correriam o risco de não entender ou não saber como lidar com livros supostamente mais sofisticados. Geralmente, escolhem os livros que já conhecem ou que crêem ser mais próximos de sua realidade”.
Se contássemos com professores bem treinados didaticamente, recebendo salários condizentes com sua função, não estaríamos nessa situação. Teríamos um magistério valorizado. Mas, o que ocorre é o contrário, a falta de estímulo leva o professor a se acomodar, a se desinteressar, trazendo desinteresse aos alunos.
Como elevar o padrão de ensino sem um devotamento político leal à causa da educação? O mais freqüente é ver, na mídia, os constantes relatos de graves corrupções. As verbas destinadas ao ensino perdem-se no caminho de sua destinação, conduzidas para fins ilícitos. Em abril p. passado, lemos nos jornais, em letras garrafais, o desvio dos recursos destinados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Médio e de Valorização do Magistério (Fundef)! O Ministério Público estima que de cada R$ 4,00 só R$ 1,00 é aplicado corretamente! Detectou quadrilhas com ramificações nacionais, especializadas em falsificar planilhas de gastos e forjar prestações de contas. A Controladoria Geral da União deparou com um verdadeiro esquema de fraude documental e irregularidade freqüente no registro de estudantes fantasmas. No ano passado, auditoria do MEC constatou a existência de 280 mil matrículas irregulares de 1.ª a 8.ª  séries.
Antes do Fundef, as reclamações de compras eram freqüentes. Surgiu o Fundef justamente para corrigir os casos de corrupção. 60% do Fundef estão vinculados ao pagamento de professores; o restante vem sofrendo desvios abomináveis. O dinheiro do Fundef é depositado em uma conta do Banco do Brasil e seu extrato pode ser acessado por vereadores e membros do conselho de fiscalização dos municípios.
Deputados da Comissão de Educação da Câmara querem mudar a forma de escolha e a composição dos conselhos municipais de acompanhamento do Fundef. Defendem projeto que impede que familiares dos prefeitos e secretários municipais integrem os conselhos, além de estabelecer eleições para a definição dos membros e a inclusão de um representante dos alunos. O representante dos pais também não poderá ser servidor municipal, nem prestador de serviços da prefeitura.
Hoje, fala-se em mobilização dos três poderes – Executivo, Legislativo e Judiciário --, reforçando a luta do Estado contra a corrupção, tentando fazer com que o Estado, que tem o leme nas mãos, possa dirigir esse barco, encharcado de corrupção, com mais firmeza.
Será esse o caminho? Poderá até ajudar, mas a corrupção está tão enraizada no seio do povo que ela sempre encontrará um jeito de burlar as determinações legais.
Só um trabalho sério de educação poderá tentar reverter tal situação.
* Supervisora de ensino aposentada.      
(Publicado em junho/2004)

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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Reconhecimento Buscaki


Com muita honra divulgamos aqui o reconhecimento 
do site Izabel Sadalla Grispino pelo Buscaki.
Recebemos a seguinte mensagem por email: "Seu site faz parte da melhor e maior premiação de Sites do Brasil e do Mundo !  - Só Sites consagrados - Parabéns ao webmaster e sua equipe pelo excelente trabalho!"
Agradecemos a equipe do site e aos nossos colaboradores que fazem possível a divulgação das obras de Izabel, fazendo com que estas sejam 
reconhecidas até mesmo fora do país.
Agradecemos também aos leitores que nos incentivam e apóiam,
 fazendo com que este trabalho tenha bons resultados. 
Se ainda não conhece as obras de Izabel Sadalla Grispino, 
Um abraço!

Criança



Criança, passo do adulto mais adiante,
Pequenina semente, que cuidada,
Explodirá para o mundo radiante,
Sentindo-se útil e muito amada.

Casulo que desponta para a vida,
Vai, em latência, incorporando atitudes,
Na moral, a seu redor construída,
Se formará pro mal ou pras virtudes,

Pedra bruta lapidada no tempo,
Será luminosa ou ofuscada,
Dependendo de como foi educada.

Criança relegada, solta no campo,
Sem amor, destina-se a errante,
Cresce como bicho, mal amante


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sexta-feira, 27 de agosto de 2010

A CONCESSÃO DE BOLSAS DE ESTUDO PARA O 3.º GRAU


Quanto às bolsas, surgem sérias restrições, pois em cada instituição regras e critérios variam. Vão desde a baixa renda até as melhores notas do processo seletivo. Não há um critério público de conceito de bolsas no País. Faltam normas para sua concessão. O MEC não tem poder de ingerência neste setor. Deixa que cada instituição particular defina critérios e quantidades. No caso das instituições filantrópicas, que têm uma isenção de impostos, há uma exigência genérica de garantir 20% de seu faturamento bruto a serviços gratuitos à comunidade. Porém, segundo o Conselho Nacional de Assistência Social (Cnas), órgão responsável pelos títulos de filantropia, só uma minoria das filantrópicas preenche os 20% com bolsas.
O ministro da Educação, Paulo Tarso, acredita poder, ainda este ano, oferecer 75 mil vagas estatizadas ao aluno carente. Embora diploma não garanta estabilidade nesta época de desemprego, ajuda, contudo, a elevar os vencimentos do profissional. “Quem tem formação inferior ao ensino médio tem uma renda média de R$  500,00, renda que não se altera muito ao longo da vida. Quem tem nível superior começa ganhando, em média, R$ 1.500,00 e pode chegar a R$ 3.000,00 e a R$ 4,500,00, se tiver uma pós-graduação”. Estes são dados da última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2001.
Muitos estudantes não fazem o vestibular por não poder pagar a taxa de inscrição. Desse modo, a presença de alunos de baixa renda na Universidade de São Paulo (USP) diminui a cada ano. A Fuvest, entretanto, há anos vem concedendo isenção a estudantes carentes. Neste ano, foram 20 mil. São isenções que permitem ao aluno carente arriscar o vestibular.
É intenção do atual governo substituir gradativamente o Financiamento Estudantil (Fies) pelo programa Universidade para Todos, que concederá gratuitamente vagas de instituições privadas. A médio e a longo prazo pretendemos ir transformando as vagas que são do Fies – financiamento que terá seu valor restituído após a formatura – em vagas gratuitas – diz o ministro Paulo Tarso.
Promover oportunidades de estudo ao aluno carente é, inclusive, fator de combate à violência. O Índice de Desenvolvimento Juvenil (IDJ), divulgado pela Unesco em 14 de março de 2004, contesta o mito de que a violência é produto da pobreza. Na opinião do pesquisador Walselfisz, ela é “resultado da desigualdade, está na origem da concentração de renda”. Recomenda aos políticos que “revisem discurso de que eliminar a pobreza automaticamente acabará com a violência”. Cita como exemplo os africanos, o alto índice de pobreza e baixo índice de violência.
Pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Nações Unidas, o Brasil é um dos cinco países com maior concentração de renda do mundo. A educação é fundamental para melhorar a distribuição de renda. Investir nessa direção é um encaminhamento para integrar ações de desenvolvimento humano. Em média, um jovem com 15 anos de estudo tem renda 5 vezes maior do que outro que só fez a 1.ª série. A pesquisa da Unesco constatou também que enquanto 46% dos analfabetos estão empregados, o percentual sobe para 81,3%, entre aqueles com curso superior.
O nível socioeconômico está diretamente ligado à escolaridade. Quanto mais pobre o Estado, maior é a defasagem escolar. Em Alagoas, onde a qualidade de vida do jovem é a mais baixa de todo o País, 15,4% dos jovens são analfabetos e apenas 16,2% estão matriculados em série adequada à idade. Já em Santa Catarina, que oferece a melhor qualidade de vida aos jovens, tem taxa de analfabetismo de 1% e a escolarização adequada atinge 36,3% dos alunos. O IDJ, considerando o resultado do Sistema Nacional de Educação Básica (Saeb), mostra diferença de qualidade do ensino no Brasil. “Jovens da 3.ª série do ensino médio do Tocantins, de Roraima e do Amazonas apresentam menos domínio do idioma do que os jovens do Rio Grande do Sul, Distrito Federal, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul ou Minas”.
O relatório da Unesco nos põe por dentro da chocante realidade nacional: “Cerca de metade da população entre 15 e 29 anos, ou pouco menos de 15 milhões de pessoas, está na categoria dos excluídos do sistema educacional. E pelo menos 40% da desigualdade salarial no Brasil pode ser explicada pela questão educacional. Educação é o melhor investimento para melhorar as condições sociais da população e eliminar as desigualdades. É um dos poucos bens que não se destrói com o consumo e não é transmissível”, conclui o relatório.
Esperamos que o ministro Paulo Tarso consiga, com suas vagas estatizadas ou com outros mecanismos de concessão de bolsas de estudos aos alunos carentes, dar uma guinada no problema da exclusão educacional. A educação tem um impacto maior que todos os outros indicadores no Índice de Desenvolvimento Humano dos Países (IDH). Educação e política econômica para o desenvolvimento são as alavancas da sociedade.
*Supervisora de ensino aposentada.      
(Publicado em maio/2004)

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quinta-feira, 26 de agosto de 2010

Angustiante Padecer


“Senhor, quero dormir,
Um sono profundo, reparador,
Não me deixe sucumbir,
Sonos confusos, de intenso pavor,
A negritude da noite é minha cor.

Pernoito em Jerusalém, perambulo pela Macedônia,
Cristão errante implorando alívio,
Noites entrecortadas de insônia,
Não alcanço o perfume do lírio,
Sua brancura, só nos meus delírios

Cansei do frio da noite,
Do escuro da casa vazia,
Do furor do vento, seu açoite,
Do gemer do moribundo que partia,
Da avalanche da tormenta que enfurecia.

Não quero mais ser um morto,
Um ser absorto,
Perdido no pensamento revolto;
Preciso do verde da esperança,
Da paz do sono da criança!”

Após prolongado sofrimento,
Portador de longa enfermidade,
O idoso ajoelha-se aos sacramentos,
Clama, aos céus e à terra, piedade,
Não suporta mais viver na ansiedade.



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quarta-feira, 25 de agosto de 2010

A COMPETITIVIDADE DOS MERCADOS GLOBAIS



A sociedade, líderes empresariais, começam a se preocupar seriamente com a educação no Brasil. Buscam se comprometer com ações concretas para melhorar o ensino, especialmente em língua materna e matemática. Procuram criar para o problema da educação um envolvimento nacional, num desafio extraordinário.
Os efeitos negativos da ineficiente educação são notados na falta de qualidade da área da saúde, da segurança pública e da economia, hoje cada vez mais dependente da expansão tecnológica e do acesso às informações especializadas.
É preciso que a sociedade acredite no poder transformador da educação. Ela só não avança porque não está sendo tratada adequadamente. Não se está produzindo um choque de qualidade na educação, na requalificação dos docentes, na recuperação do seu respeito na escola e na sociedade. A sociedade tem pouco apreço pelo professor, não o vê como uma pessoa importante, o que afeta sua auto-estima.
A grande massa de alunos só pode contar com o debilitado ensino público, onde recebe poucas atividades que o desafiam intelectualmente, onde o seu desempenho é reduzido pela pouca produção que realiza cotidianamente.
Como os alunos, egressos do precário ensino médio público, provenientes de famílias pouco escolarizadas, estudando à noite e trabalhando de dia, irão adquirir os relevantes conhecimentos, se não forem atendidos por professores capazes de se inserir na problemática existencial desses alunos? Por professores compromissados com a realidade do aluno, abraçando a causa na sua educação?
Os alunos do ensino infantil e fundamental, nessa falta de capacitação profissional, estão recebendo um conteúdo interdisciplinar de forma adequada às diferentes fases do desenvolvimento humano? Desde 1971, o ensino é obrigatório dos 7 aos 14 anos, mas, a sua decadência se acentua a cada década, chegando em 2005 – dados da Prova Brasil – a registrar que os alunos da 8.ª série têm nível que deveriam ter atingido na 4.ª série. Nesta série, o aluno compreende apenas textos curtos e faz contas simples.
Necessário se faz alargar o horizonte cultural dos educadores, aprofundar seu domínio dos conteúdos, desenvolvendo um currículo capaz de atingir o raciocínio, a criticidade do estudante. Estão os professores capacitados a desenvolver nos alunos habilidades e competências ou simplesmente transmitem, como no passado, o conteúdo das disciplinas?
No último relatório – set. 2006 – do Banco Mundial sobre a importância da educação no desenvolvimento da economia, o Brasil, de todos os países analisados, entre eles a China, a Índia, o México e a Rússia, teve, no seu sistema de ensino, a pior avaliação. Nossos estudantes se transformam em profissionais despreparados, responsáveis pela perda de competitividade do País, na disputa dos mercados globais.
Esse relatório é um estudo comparativo sobre as condições dos países emergentes, em matéria de educação básica e nível de escolaridade, de mão-de-obra, para se inserir na sociedade de conhecimento. As conclusões do relatório são preocupantes, registrando que “por causa das deficiências do sistema de ensino, o Brasil vem ficando para trás na corrida da competência técnica e científica com países como a China, Índia, Cingapura, Rússia e, principalmente, coréia do Sul, hoje uma referência internacional em excelência de ensino”.
* Supervisora de ensino aposentada.
(Publicado em outubro de 2006)


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